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Estadão
Publicado em 13 de junho de 2025 às 22:27
Os Estados Unidos afirmaram no Conselho de Segurança da ONU que as consequências para o Irã seriam terríveis se o país atacasse bases dos EUA. Na reunião de emergência convocada para esta sexta-feira (13), o representante americano, McCoy Pitt, disse que Washington quer uma resolução diplomática e propôs ao Irã fechar um acordo nuclear. >
Os dois países negociam há semanas um acordo em torno do programa nuclear iraniano, à medida que crescem as informações sobre o Irã estar próximo de obter urânio para construir armas nucleares. Os ataques de Israel contra o regime dos aiatolás acontecem nesse contexto e agravam a instabilidade no Oriente Médio.>
Durante a reunião, McCoy Pitt reafirmou que os EUA foram informados sobre os ataques com antecedência, mas que se tratou de uma ação unilateral. Ele considerou que a ação de Israel foi de autodefesa, repetindo a justificativa das autoridades israelenses. "Toda nação soberana tem o direito de se defender, e Israel não é exceção", declarou.>
O enviado do Irã ao Conselho de Segurança, Amir Saeid Iravani, declarou que as ações de Israel são uma declaração de guerra e que os EUA são cúmplices. Ele acrescentou que o país vai responder "de forma decisiva e proporcional" ao ataque, em um discurso, cerca de uma hora depois dos ataques iranianos que atingiram cidades israelenses.>
Iravani disse que os bombardeios contra Israel são autorizados pelo direito à legítima defesa, estabelecido no Artigo 51 da Carta da ONU. O artigo permite que um Estado responda a um ataque sofrido até que o Conselho de Segurança tome providências para manter a paz e a segurança.>
A reunião de quarta-feira (11) terminou sem nenhuma resolução. O embaixador de Israel, Danny Danon, repetiu que Israel agiu por "preservação do Estado de Israel" e que o país não irá permitir que o Irã fabrique armas nucleares. Ele declarou que Israel esperou uma resolução diplomática que limitasse o programa nuclear iraniano, mas que isso não teve resultados.>
Os EUA e o Irã têm uma reunião marcada para o domingo (15), em Omã, para conversar sobre o programa nuclear.>
Milícias do Iraque pedem saída de tropas americanas>
Enquanto o enviado americano na ONU alertava o Irã contra ataques a bases americanas, a milícia xiita iraquiana Kata'ib Hezbollah, apoiada pelo regime dos aiatolás, pediu que as tropas americanas saíssem do país para o Iraque não se tornar um campo de batalha.>
A milícia acusou os EUA de autorizarem o ataque israelense e pediu ao governo de Bagdá para "remover urgentemente essas forças estrangeiras hostis do país para evitar guerras adicionais na região".>
O pedido foi endossado por outra milícia pró-Irã, a Al Nujaba, também sediada no Iraque. O líder do grupo, Akram Al Kaabi, também acusou os EUA de terem cooperado com Israel e pediu a retirada das forças americanas, que estão no país a convite de Bagdá desde a luta contra o Estado Islâmico.>
Israel mirou alvos nucleares e líderes militares>
Israel bombardeou diversos alvos no Irã, no que chamou de "ataques preventivos" em meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio.>
Os ataques começaram na noite de quinta-feira, 12 (horário do Brasil), e continuaram nesta sexta-feira, 13. Foi uma grande operação contra a alta cúpula do país persa e o programa nuclear do Irã.>
Israel atacou a principal instalação de enriquecimento nuclear do Irã em Natanz, atingindo um complexo subterrâneo que abrigava centrífugas.>
Tel-Aviv também atacou pelo menos seis bases militares ao redor da capital, Teerã, residências em dois complexos de alta segurança para comandantes militares e vários prédios residenciais ao redor de Teerã, de acordo com informações do The New York Times.>
Morte de líderes iranianos>
Os ataques mataram três dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã e cientistas ligados ao programa nuclear da teocracia.>
O major general Mohammad Bagheri, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas e o segundo comandante mais alto do Irã depois do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, foi morto no bombardeio.>
Bagheri se destacou na Guarda Revolucionária durante a guerra Irã-Iraque e foi nomeado chefe do Estado-Maior em 2016. Este é o cargo militar mais alto do país.>
O general Hossein Salami também foi morto durante a madrugada. Ele se destacou na guerra Irã-Iraque e se tornou vice-comandante militar em 2009.>
Dez anos depois, ele foi anunciado como chefe da Guarda Revolucionária do Irã e desempenhou um papel fundamental na política externa do Irã.>
Salami havia sido sancionado pela ONU e pelos EUA por seu envolvimento nos programas nuclear e militar do Irã.>
Outros dois militares foram mortos por Israel. O general Gholamali Rashid, comandante-chefe adjunto das Forças Armadas, e o general Amir Ali Hajizadeh, chefe do programa de mísseis da Guarda Revolucionária do Irã.>
Cientistas nucleares iranianos também foram mortos>
Segundo a agência iraniana Tasnim, Israel matou seis cientistas iranianos.>
Entre eles estão Fereydoun Abbasi, ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, e Mohammad Mehdi Tehranchi, físico teórico e presidente da Universidade Islâmica Azad em Teerã.>
Israel não conduz operação militar, mas decapitação do Irã, diz presidente do StandWithUs.>
Retaliação do Irã>
As Forças Armadas do Irã retaliaram na tarde desta sexta-feira os bombardeios israelenses com o disparo de mais de 150 mísseis balísticos contra Israel. Ao menos sete deles furaram o sistema antimísseis israelense e atingiram o centro de Tel-Aviv.>
Houve feridos, alguns em estado grave. Os mísseis tentaram atingir as sedes do Ministério da Defesa de Israel e do Exército, que ficam no centro da cidade.>
EUA mandam navios de guerra para a região>
Os Estados Unidos anunciaram o envio de navios de guerra e outros recursos militares americanos no Oriente Médio para ajudar a proteger Israel da retaliação iraniana.>
O contratorpedeiro USS Thomas Hudner recebeu ordens para se deslocar para a costa oriental do Mediterrâneo, e um segundo contratorpedeiro deverá segui-lo. A Força Aérea também enviará mais caças para a região. >